quinta-feira, 26 de maio de 2011

Vinte estudos de Marcier percorrem trecho da Estrada Real

 Pietá (detalhe) obra de Marcier apresentada somente em Barbacena 
Foto: Edson Inácio

Vinte obras do pintor  Emeric Marcier (1916-1990), quatro cidades mineiras no roteiro inicial, produção de baixo custo e uma aposta: no talento e na história desse romeno que deixou a Europa em guerra e veio exercer sua arte no Brasil, fazendo de Barbacena uma de suas referências. Assim, surgiu a concepção da Mostra Itinerante Marcier: estudos, que está recolocando uma pequena mostra do grande acervo do artista nas estradas mineiras para conhecimento de um público variado, que vai do universitário e dos admiradores até o cidadão comum. As cidades: Belo Horizonte, Barbacena, Tiradentes e São João Del Rei. As obras: vinte estudos em papel, medindo 33cm x 49cm, nas técnicas de nanquim, pastel e carvão pertencentes à Júlia Marcier, neta do artista, e a Fundação Municipal de Cultura de Barbacena, administradora do Museu Casa de Marcier, instalado no Sítio Sant’Anna, local onde viveram o artista e sua família. O resultado? Bem, este superou todas as expectativas: uma repercussão extremamente positiva na mídia mineira.
Depois da temporada inicial, no Centro Cultural da Universidade Federal de Minas Gerais, em abril, a mostra chegou a Barbacena no dia 5 de maio, mas com algo muito especial: a exposição do painel Pietá, uma obra diferenciada que, além de sua expressividade e dimensão (2,34m X 3,0m), possui uma história polêmica, já que foi furtada do ateliê do artista por familiares no final dos anos 80 e recuperada logo após. Como o painel foi retirado do chassi, a Pietá permaneceu enrolada por cerca de duas décadas e longe dos olhares do grande público – um desperdício, já que a obra é uma das melhores traduções do artista, sua técnica, sensibilidade e percepção.




Auto-retrato de Marcier, estudo que revela a alma do pintor romeno
 Reprodução
A relação entre Marcier e Barbacena é algo de passional. Se o artista chegou a dizer que “a luz de Barbacena é a única coisa que ficou, o resto foi demolido, mas a luz enquanto eles não conseguirem estragar é realmente excepcional”, a cidade o acolheu e fez dele um ícone artístico/cultural, ou seja, o município tem num estrangeiro e sua arte uma referência, que de tão importante transformou a sua casa em um museu. E a mostra vem para ocupar uma lacuna: enquanto a cidade cultua mas não admira ou conhece suas obras e nem freqüenta como deveria o museu, colocar sua arte num passeio por Minas é uma forma de atrair o olhar de fora para o artista, sua obra e, é claro, para o museu e para Barbacena. Um fato merece destaque: a “grife” Marcier ainda é renomada em Minas Gerais, já que tivemos a grande imprensa mineira abrindo espaço para falar do artista e de sua obra a partir da mostra que criamos. Ou seja: Marcier continua sendo um artista plástico extremamente respeitado por suas obras e também pelas relações pessoais que estabeleceu. Faltando apenas para Barbacena trabalhar seu nome e sua arte com inteligência para mantê-lo em evidência no cenário cultural nacional.

 Texto de Sérgio Cardoso Ayres

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